Rio Grande foi a primeira cidade do Estado do Rio Grande do Sul a ser colonizada por portugueses, fundada pelo Brigadeiro José da Silva Paes no ano de 1737, e elevada à condição de cidade no ano de 1835. É uma cidade que abriga um porto natural de fundamental importância histórica, econômica e cultural, onde são exportadas e importadas grandes quantidades de mercadorias e produtos, além de receber, na alta temporada, transatlânticos com turistas provenientes dos mais diversos países do mundo. Além do porto natural, uma cidade que antigamente foi capital do Estado, foi, e ainda é, um polo industrial. Instalar-se-ão no município, desde charqueadas, têxteis, alimentícias, produtos de adubo e de refino de petróleo, entre outros . Todas essas questões tornam a cidade atrativa para migrantes, originários da zona rural do estado, de outras cidades e de outros países.

Neste contexto está localizado na Biblioteca Rio-Grandense. Fundada originalmente como um gabinete de leitura, possui mais de 170 anos de história. A Biblioteca abriga um acervo de mais de 500.000 obras, incluindo não apenas materiais bibliográficos, mas peças e sanitários como um lençol Farroupilha original, emoldurado, que contém manchas como quais, segundos funcionários da instituição, foram trazidos pelo sangue de uma revolução que serviu em combate durante a Guerra dos Farrapos. A biblioteca possui um acervo raro, riquíssimo, que data desde o século XVI até o século XX.
 
O acervo e o prédio foram tombados através da Lei Estadual n.º 12.508 como patrimônio histórico e cultural do Rio Grande do Sul. “Este acervo possibilita muitas vertentes de pesquisa, pois 'memórias' guardadas ainda têm muito a dizer sobre a formação e a história da própria Biblioteca Rio-Grandense e da formação deste acervo raro. (VIAN, p. 1, 2019).

Bibliotecas, museus e arquivos armazenam, preservam e disseminam informações sobre objetos que mudaram de mãos muitas vezes, estão continuamente sendo doados, herdados, comprados, vendidos, emprestados. Desvendar a origem de um objeto, documento, livro ou obra de arte significa identificar de onde algo veio e como chegou até aqui.

Os registros de proveniência em livros representam uma importante fonte de pesquisa sobre a história da cultura do livro (especialmente a história das bibliotecas e coleções de livros , a história da leitura) e outros fenômenos históricos relacionados à história dos livros, mas não apenas para eles. A pesquisa sobre a forma e o conteúdo da proveniência do livro pode oferecer material de fonte interessante para história literária, história da arte, linguística, psicologia, sociologia, história de elite, história cotidiana e história cultural geral. Ele ajuda significativamente a mapear e documentar as transferências culturais na Idade Média, no início dos tempos modernos e nos tempos contemporâneos (PROVENIO, 2021, tradução nossa).

A construção de uma biografia material das fontes contribui para a construção de um discurso, de uma narrativa do passado. Onde o foco pode se dar a partir da matéria-prima, da tipologia, da forma, por marcas de proveniência elaboradas por antigos proprietários, por artistas, por instituições, por coisas efêmeras menosprezadas anteriormente, e relegadas à marginalidade. Toda a fonte é passível de um estudo de proveniência, pois cada objeto material vai tornar-se único ao trocar de mãos. Decifrando significados, valores e intenções, através dessa materialidade o historiador, o pesquisador, vai articulando seus pensamentos, tornando-os claros e eloquentes.

Estudar as fontes sob o prisma de sua materialidade demanda investir no conhecimento de sua história: conhecer a evolução dos materiais utilizados para a confecção do material do objeto , compreender quais foram as tecnologias e recursos utilizados na sua produção no curso da história.

Objetos trocam de mãos o tempo todo, e certos tipos de comportamento humano são mais bem percebidos por vestígios deixados nos objetos, em documentos e livros. A vida privada, aquela escondida dos olhos alheios, às coleções
particulares, as marcas rastreáveis​​​​​deixadas nessas coleções permitem entender o contexto em que as opiniões foram formuladas e decisões tomadas, comportamentos expressos na intimidade, desconhecidos do público em geral.

A vida social de uma fonte histórica está ligada a ambientes que remetem à história do colecionismo, da bibliofilia e da memorabilia. Refletem a história política, social e cultural de um país. A pesquisa de procedência reconstitui trajetórias
históricas e engloba diversas áreas de estudo em história, como a história do criador, do proprietário, dos documentos, livros e bibliotecas, da arte, do patrimônio, da formação de acervos, da cultura material.

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Etiqueta de prateleira na obra “La Compañía de Jesús restaurada em la Republica Argentina Y Chile el Uruguay y el Brasil”

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Etiqueta de encadernação de Vicente Gomes

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A etiqueta pertence a oficina de encadernação de Vicente Gomes, é feita em papel, em formato retangular, com fundo branco e letras e ornamentações na…

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Carimbo Livraria Universal

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Assinatura de Mario de Lacerda Werneck

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Anotação manuscrita feita com tinta preta, onde lê-se: “Mario de Lacerda Werneck // Rio Grande 1904.”

Etiqueta Livraria Universal

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A etiqueta tem formato retangular, a cor está escurecida por ação do tempo. A etiqueta está com o canto rasgado, desta forma, não é possível ler…

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A etiqueta da livraria apresenta formato retangular, fundo branco, e letras azuis, lê-se a inscrição: Livraria Educadora // Compra e venda de livros…

Ex dono Augusto Porto Alegre

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